André acordou meio zonzo na segunda-feira e só pensava em Helena. Ele estava decidido a tê-la de volta e não descansaria até conseguir. Sua mãe já havia preparado o café-da-manhã e André estava com pressa. Engoliu um café preto e saiu para o trabalho. Seus pensamentos estavam em Helena e sentiu saudades da época que namoravam. Sentiu saudades de irem juntos para a faculdade, sentiu falta da paz que Helena lhe dava e do carinho de sempre. Se lembrou das sextas-feiras que, religiosamente, passavam juntos e do jantar que Helena sempre preparava. Sentiu um vazio no peito, uma vontade de voltar no tempo e mudar tudo. 

Beber com os amigos não era mais divertido e sair com eles já havia perdido a graça. Paquerar as mulheres também não tinha mais sentido. Denise era sem graça e vivia no pé dele. Todos os dias ela mandava mensagem e ele mal respondia. Ir pra cama com ela virou algo mecânico e desajeitado. Não havia paixão, não havia amor, muito menos admiração. Eu estava cego, pensou. Como eu pude abandonar a mulher que eu amo por umas saídas com os amigos? Como eu pude paquerar mulheres tão desinteressantes, sendo que eu tinha Helena na minha vida? 

Chegando no trabalho André se sentiu desanimado por ter que encontrar Denise e logo disse:

– Preciso conversar com você.

– Cadê o meu beijo? Estou com saudade. Te liguei o fim-de-semana todo e você não me atendeu. O que aconteceu?

– Denise, depois do trabalho nos falamos, ok? Estou com dor de cabeça e cheio de coisa pra fazer agora.

André virou as costas e saiu. Denise já sabia o que ele queria e não ia abrir mão dele tão fácil. 

Durante o expediente, André não parava de buscar Helena nas redes e ver o que ela fazia. Não encontrou nada. Pensou em telefonar pra mãe dela e conversar um pouco. Dona Dalva sempre foi tão agradável, tinha certeza que o receberia de braços abertos. Mas estava com vergonha. 

André sempre foi orgulhoso, mas nessa situação estava disposto a deixar o orgulho de lado e abrir seu coração para Helena. Sua vontade era de gritar que ele a amava e que estava morrendo de saudades da época que eram namorados. Queria pedir perdão, queria voltar no tempo e apagar tudo.

Assim que acabou o expediente Denise foi procurar André. A casa dela estava vazia e podiam conversar mais à vontade. André preferiu um lugar público, mas ela insistiu e ele acabou cedendo.

– Denise, eu não ando muito bem. Estou confuso, larguei a faculdade, estou sem tempo e acho melhor a gente não ficar mais junto.

– O que aconteceu?

– Não aconteceu nada. Mas ando desanimado com tudo e não quero mais. 

– Mas eu quero te ajudar. Quero ser sua amiga. Não me abandone, por favor.

– Não dificulte as coisas. Agora tenho outras prioridades.

– Você vai voltar com a sua ex?

– Não é isso. O problema é que eu ando desanimado, estou com vontade de mudar de emprego, sei lá. Tudo perdeu a graça. 

Denise insistiu, chorou e até xingou. André se foi e Denise chorou a noite toda. 

No dia seguinte, André mandou mensagem pra Helena e não obteve resposta. Telefonou e ela não o atendeu. Mandou e-mail e nada. Tentou no dia seguinte, no outro e no outro. Nada. Ele estava ansioso, irritado, nervoso e com a autoestima lá no chão. Quanto mais Helena ignorava, mais obcecado ele ficava. A sensação de ter sido rejeitado era horrível. André se sentia trocado, se sentia menos que Maurício. Por que ela preferiu ele? O que ele tem de melhor? Imerso nos seus pensamentos, André estava péssimo e resolveu conversar com dona Dalva. 

Será que dona Dalva vai recebê-lo? O que ela vai dizer a ele?

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