A relação de Kathe e Luciano fluía bem. Eles ainda estavam se conhecendo e percebiam, a cada dia, como era bom estar na presença do outro. Kathe estava feliz e radiante com essa etapa de sua vida. Pela primeira vez, ela se sentia orgulhosa das suas conquistas e se livrar de Beto foi uma renovação. Sozinha com seus pensamentos, ela percebeu que Beto a puxava para baixo e, no fundo, ela sabia que ele não a amava. Além das agressões físicas, Beto a agredia psicologicamente também. Imersa em suas lembranças, ela se recordou de uma apresentação importante na faculdade, onde ela precisava se concentrar e estar calma. Beto sabia, mas arranjou uma briga com ela no mesmo dia da apresentação. Agora a ficha caía e ela se dava conta que ele havia feito isso de propósito, de maldade.

Mas agora ela sabia que poderia começar uma nova história. Ela sentia que estava mais segura e, se com Luciano não rolasse nada, ia dar certo com outro. Ela começou a enxergar coisas boas em si, percebeu que ela era uma pessoa maravilhosa, apesar de sempre ter ouvido da sua mãe e de Beto que ela não era nada. 

Inconformado com o sumiço de Kathe, Beto foi até o prédio onde ela estudava, saber o que andava acontecendo. Kathe estava saindo da aula e deu de cara com o ex. O cheiro de álcool era perceptível e a aparência de Beto estava péssima. Olheiras, camisa amassada, cinto frouxo e cabelo sujo. Kathe sentiu asco e Beto parecia outra pessoa:

– Oi, metida. Não vai me cumprimentar?

– O que você está fazendo aqui, Beto? 

– Vim te ver. Como você está diferente. Quando a gente tava junto, você não andava tão arrumada assim. Vestido, sapato novo… já tá dando pra outro? Beto disse isso em voz alta.

– Você está passando dos limites. Vou embora.

– Não vai não!

Beto empurrou Kathe para o estacionamento e, com medo do escândalo, resolveu ir para lá e terminar essa conversa logo. Já estava escuro e só estavam os dois ali. Beto sorriu e encostou Kathe no carro:

– Para, Beto! Você está bêbado. 

Beto estava estranho e começou a beijar o pescoço da ex:

– Que saudade que eu tava do seu cheiro, da sua pele, do seu cabelo… vamos matar essa saudade no motel, vamos? Vai ser tão bom…

Kathe deu um grito e tentou afastá-lo, mas Beto resistiu e colocou a mão em seu seio, quando uma voz grossa e masculina diz:

– Larga ela, seu vagabundo!
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